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  • Foto do escritorWilson Ricoy

Músico Empreendedor? Que papo é esse?

Atualizado: 15 de jun. de 2020


Já faz algum tempo em que as palavras "músico" e "empreendedorismo" vem se cruzando com uma frequência cada vez maior. Essas duas palavras, quase opostas até bem pouco tempo atrás, mostram que a realidade do músico hoje em dia é muito diferente do que era no passado. E, vamos lembrar, falo aqui do músico pro profissão...aquele que faz disso o seu sustento ou que, mesmo tendo uma atividade complementar (leia-se um trabalho considerado "normal" pelos incautos), tem a música como uma segunda profissão levada bem a sério.


Vamos voltar um pouco no tempo...quando o músico era apenas o que chamamos de "artista"...aquele profissional que produz seu conteúdo (música) e vive em função disso. Assim, o seu dia-a-dia era composto apenas por atividades relacionadas ao seu conteúdo: estudar, compor, ensaiar, fazer shows, gravar e começar todo o ciclo novamente. Todo do esforço do músico tinha como objetivo chamar a atenção das então todo-poderosas gravadoras, que contratavam os músicos para fazerem parte de seu elenco, seja como músicos de estúdio ou como banda / artistas propriamente ditos. Além disso, também existia a imprescindível figura do empresário (ou manager, para os mais chiques), responsável pelo gerenciamento dos músicos e toda a parte comercial.


Assim, enquanto o músico se preocupava com o processo de criação / execução de sua obra, o empresário e as gravadoras eram responsáveis por toda a parte comercial: agendamento de shows, negociação de cachês, exposição na mídia, merchandising, promoção e tudo o mais. Se, por um lado, o músico ficava livre da encheção de saco administrativa e podia se concentrar no processo criativo e na execução de sua arte, são célebres as histórias de empresários e gravadoras que prejudicaram MUITO vários artistas célebres que conhecemos. É só pesquisar rapidamente no Google e você vai ver, por exemplo, as histórias escabrosas de grandes ídolos que foram lesados por empresários e/ou gravadoras. Peter Frampton e Backstreet Boys são dois exemplos que podem e devem ser conhecidos e estudados, já que são verdadeiros cases de como pessoas de ma fé podem causar a ruína de artistas muito consagrados.


Enfim, os tempos passaram e a revolução gerada após a criação de ferramentas como internet, MP3, troca de arquivos, etc. causou um tremendo rebuliço no mercado musical. As pessoas não precisavam mais comprar álbuns inteiros para ter apenas umas três ou quatro músicas boas. Agora estava ao nosso alcance a possibilidade de comprar apenas as músicas de nossa preferência por apenas US$ 0,99. Peraí...eu disse comprar? Isso também foi afetado pelos programas de troca de arquivos pela internet, onde se é possível baixar praticamente tudo o que queremos gratuitamente, na maior parte das vezes de forma, digamos, "alternativa" (leia-se pirataria).



Isso virou o mercado musical de ponta cabeça, a ponto de causar uma mudança radical no status quo no mundo da música onde, até então, as gravadoras e empresários ditavam as regras do jogo. Muitas gravadoras de pequeno / médio porte que trabalhavam com a cena independente ou se preocupavam em divulgar música de qualidade quebraram devido a queda radical nas vendas por conta de downloads "alternativos" e esse espaço foi cada vez mais absorvido pelas mega gravadoras pertencentes a grandes corporações que, vamos reconhecer, não estão necessariamente preocupadas em qualidade, mas sim em entender as novas tendências e apostar na nova "bola da vez", capitalizando em torno do $uce$$o. Aliás, sucesso não é a palavra a ser utilizada aqui...a palavra correta é popularidade. E, como sabemos, a popularidade é efêmera. Tiro curto e certeiro, explorando a moda atual e descartando logo em seguida para capitalizar em cima da próxima tendência. Afinal, por onde andam hoje Banda Calypso, Companhia do Pagode ou MC Serginho?


Com isso, todo aquele suporte que o artista, aquele realmente comprometido com sua arte e prestígio, tendo o sucesso com consequência de seu trabalho, foi-se embora! E com esse crise toda, a própria figura do empresário passou a ser um custo caro para ser bancado pelo próprio artista e muitos perderam o emprego! Caos total!


E agora, José? Como é que fica? Quem é que vai fazer o corre para agendar shows, divulgação, marketing? Quem é que vai fazer o tal networking...atualizar redes sociais...fazer ou atualizar o site?



É aqui que chegamos no que eu chamo de mudança de mindset! Para poder sobreviver hoje em dia, não podemos ser somente o artista...temos que ser também o empresário, produtor, assessor de imprensa, web designer, etc. E isso se estivermos falando apenas de seu trabalho, da produção e divulgação do seu conteúdo. Vamos lembrar que atualmente isso está rendendo muito pouco, certo? Então temos que ser também professores, freelancers, produtores e por ai vai. Se identificou com isso tudo ai?


Então não podemos ter mais aquela mentalidade de "músico autônomo". Temos que ter um mindset empreendedor...temos que assumir que somos uma empresa e nosso conteúdo, seja lá qual for (aulas, produção, som autoral, banda cover, etc.) representa nosso portfólio de produtos! Então ter um mindset empreendedor significa aprender com as lições de como empresas e profissionais de sucesso fazem a gestão de sua marca, valorizam seus produtos, se posicionam no mercado, etc. É fácil? Claro que não! Principalmente para que nunca se preocupou com isso e sempre manteve distancia desse tipo de assunto. Sinto lhe dizer, meu amigo, que essa realidade não tem mais volta. Renato Russo foi um profeta ao dizer que "o futuro não é mais como era antigamente"!


A boa notícia é que algumas pessoas já sacaram isso e estão difundindo essa mentalidade através de inciativas muito interessantes como vem fazendo Kiko Loureiro com seu curso e suas dicas sobre Music Business (chique, né?) e, mais recentemente, Júnior Carelli e sua equipe com a realização do 1º CONEM (Congresso Nacional dos Empreendedores da Música). Vale a pena pesquisar sobre essas iniciativas para que possamos entender melhor o comportamento do mercado, dos contratantes e também dos perrengues que existem hoje em dia, para que possamos estar cada vez mais preparados a encarar essa nova realidade.


Minha ideia com este blog é dar a minha contribuição sobre este assunto para a nossa comunidade, utilizando minha experiência de 30 anos de música e 25 anos como executivo de vendas & marketing de uma empresa multinacional para aplicar o conhecimento adquirido ao longo de minha vivência em ambas as áreas para ajudar nós, músicos e agora também empreendedores, nessa transição de mindset para a nova realidade...para consolidar o mindset empreendedor. Além deste blog, eu tenho uma pasta no Pinterest com varias dicas e sacadas para nos ajudar nessa jornada. Dá uma olhada em https://br.pinterest.com/ricoyguitar/mindset-empreendedor/ e me diga o que você achou.


Espero que vocês curtam e mandem suas dúvidas, comentários e sugestões para ricoyguitar@yahoo.com.br para debatermos nesse blog e fazer dele algo bem dinâmico e interativo! Vou ficar muito feliz em poder ajudar!


Até a próxima!


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